quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Blah blah blah do coração

Se os sentimentos provém do coração mas o coração não passa de um músculo, como sao criados sentimentos de ódio, amor, amizade, compaixão ou indiferença? Como posso odiar alguém e dizer que não suporto essa pessoa? E como é que posso sofrer por amor?
Deveria nutrir um sentimento de indiferença por todas as pessoas pois um músculo não sente. Ou sente?
Quando afirmamos que gostamos de alguém e que esse alguém tem um lugar muito especial no nosso coração ou até que estamos apaixonados ao ponto de não conseguirmos viver sem essa pessoa, é de facto o que queremos dizer e o que sentimos ou será que apenas gostamos de estar com a mesma, do que nos faz sentir quando presente e de quem precisamos para que satisfaça a necessidade que temos de a sentir por perto, talvez para nos fazer rir, elevar a auto-estima e massajar o ego?! Afinal gostamos da pessoa ou somos simplesmente egoístas e gostamos é de nós próprios quando estamos com determinado individuo?
E quando declaramos, muitas vezes por entre lágrimas, que estamos a sofrer por amor? Que até o coração dói? O que é que isso significa? Por que é que estamos a sofrer? Porque uma pessoa que amamos nos deixou? Amavamo-la realmente ou estamos destroçados por, por exemplo, parte do nosso quotidiano nos ser retirada e não sabermos, assim de repente, de um dia para o outro, preencher esse vazio no nosso dia? Choramos por pensarmos que não voltaremos a ver aquele sorriso lindo, pelo qual sabemos ser os responsaveis, não termos mais a mesma companhia para almoçar e por não mais recebermos aquele telefonema matinal? Amamos a pessoa ou amamos o nosso "eu" quando juntos? Afinal choramos pela saudade que a sua ausência causa ou porque não sabemos reorganizar o nosso dia sem o mesmo, ou porque temos medo de recomeçar? Porque começar de novo dá um trabalho "do caraças". A outra pessoa já nos conhecia e sabia como nos fazer sentir bem. Ou devemos admitir que temos receio de já ter perdido algum encanto e não sabemos como conquistar outra vez e atrair outro alguém para o nosso mundinho? Ou então, enfim, é uma questão de hábito mesmo? Devemos dizer que o nosso coração se habituou a uma pessoa e agora dói? O que é isso?
Bem, mas eu adorava os meus ex-namorados - ou adorava estar com eles, não sei. Adorava o corpo delineado deles, o olhar concentrado, a serenidade com que dormiam, como se deitavam ao meu lado, a forma como me tratavam, como me pegavam ao colo, me tocavam, davam as mãos, elogiavam... E vêem? Rapidamente cheguei a "mim". E facilmente continuo: é que o que adorava mesmo eram mensagens de bons dias ou mensagens durante a noite de quem não conseguia dormir; gostava de ser levada a todo o lado, que me quisessem fazer todas as vontades, que me fizessem rir, ouvir as palavras "és linda" vezes sem conta, mesmo quando eu estava com um cabelo miseravel e com olheiras de uma semana, receber presentes feitos com dedicação, recadinhos numa folha arrancada de um caderno qualquer, etc etc. Gostava, sobretudo, e claro, da atenção que recebia, de saber que tinha ali alguém e de como esse alguém me fazia sentir - bem, alegre e feliz de verdade. Sonhar e sentir, por momentos, que tudo é possivel. Assim sendo, é impressão minha ou eu gosto mesmo é de mim? Ou talvez dele(s) pela influência positiva que tinha(m) no meu "eu"? É que até quando me encontrava naquele auge de amor, em que temos vontade de gritar ao mundo o que sentimos, muitas vezes o que eu dizia, era "Gosto tanto de nós!!" É normal ou isso faz de mim uma pessoa egoísta? Evidentemente que sim. Mas uma pessoa muito, pouco ou mais-ou-menos egoísta? Suponho que seja legítimo de alguma maneira. Sei lá.

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